segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

SOBRE NEUROSES E PSICOSES

Foto C.Tereniak em Setting Analítico

NEUROSES E PSICOSES

    Freud trouxe em sua trajetória considerações sobre:Neurose obsessiva - Histeria -Fobia
     No dia a dia do psicanalista , do psicólogo, eles não encontram muitas pessoas que se enquadram nesses três quadros neuróticos.     A pergunta que nos ocorre é a seguinte:     O que é neurose?     Conceitualmente Freud, divide o aparelho psíquico em Id, Superego e Ego.     O Id seria nossos impulsos (pulsões), aparelhamento que se utiliza mais daqueles impulsos mais fortes que todos nós temos.     Tudo isso é bem abstrato, bem subjetivo, existe na nossa mente.     Nossa mente não é o nosso cérebro.     A mente avança um pouco além do cérebro.     Nessa abordagem que aqui fazemos há vínculos com a transpessoalidade, então não vamos ficar retidos apenas no conceito biológico ou fisiológico da anatomia humana.     Vários profissionais também utilizam outros conceitos, inclusive os transpessoais,    A mente que transcende esse cérebro e esses são conceitos mais atuais.     Existem impulsos e são como se fossem um vulcão, e esse vulcão seria o canal onde essa força impulsiva abrasadora tenta sair.     Se nós tapássemos esse vulcão o que aconteceria com o planeta?     Implodiria.     Se fizéssemos uma analogia entre o nosso psiquismo, o nosso corpo, e o nosso planeta, veríamos semelhançasrelativas a esses impulsos como no exemplo que aqui se demonstra.     Temos o vulcão caracterizado pelo centro da terra, o ID,ou seja todo conteúdo de impulsos, que quando é extravasado, chamamos de tensão.)     Essa tensão ou seja essa força que existe em todos nós , é uma energia e precisa ser colocada para fora , de alguma forma e Freud disse que nós tentamos extravasá-la através da sexualidade.     A sexualidade não está ligada somente ao sexo.     Ela está ligada ao nosso afeto, nosso prazer, nossa energia agressiva , que tem a ver com os nossos instintos , que são os nossos impulsos , nosso lado instintivo que deve ser colocado para fora.     Durante milhares de anos a humanidade num sentido geral se utilizou muito desses impulsos.     Se você fizer uma retrospectiva, vai ver que o homem era bem mais selvagem, mais primitivo, colocando esses impulsos para fora.     Estando com ódio de alguém, matava , comia, degolava.     Os antropófagos matavam e comiam, eram canibais.     Conforme a sociedade foi evoluindo a nossa censura, o nosso superego, enquanto esse homem foi crescendo , foi utilizando muito dessa força viva  sentindo prazer em matar.     Às vezes  surgiam alguns que entravam em crise.     Essa crise que hoje chamamos de neurose, trazia muita culpa, eles se sentiam mal por praticar tais atos porque já tinham o nível de consciência, de que não precisariam mais ter aquele comportamento.     A cobrança começou a chegar através do superego,  da censura e hoje observamos depois desses milhares de anos que a criança já traz todos esses impulsos ao nascer, ela é toda ID.     Quando ela nasce ela quer liberar todas essas forças dentro dela, quer a atenção da mãe, 24 horas por dia ao que chamamos em psicanálise de desejo.     A criança vivência esse desejo 24 horas por dia.     Estamos fazendo uma recapitulação até para entendermos esse nosso processo.     Essa questão de querer as coisas na verdade é um desejo muito forte.     Ter a atenção exclusiva da mãe.     A criança precisa naturalmente ir amadurecendo , num processo cíclico natural , tem um momento em que ela fica nove meses na barriga , ela está inconscientemente num processo de morte.     Está viva mas psiquicamente é como se estivesse morta.     Aí ela nasce , sai de dentro da barriga da mãe.     Sai do processo de morte e nasce, para muitos o próprio nascimento está representando a morte porque a partir daí ele começa a sofrer.     Nasceu já vai ter que dar o primeiro impulso.     Qual é o primeiro impulso?     É a respiração.     A vida é respirar. Quem não respira não está vivo, ela nasce e já... Ahmmmmmmm!!!     Ela já naquela condição de que precisa fazer um esforço.     Dentro da barriga ela não precisava fazer nada , estava na zona de conforto , envolvida por aquele carinho , aquele afeto ou não, dependendo muito de cada mãe.     A mãe muito neurótica às vezes nem quer , já está rejeitando aquela criança ainda na barriga .     A criança já nasce com tendências neuróticas , porque a mãe já é neurótica , aí vem a hereditariedade.     Uma mãe neurótica vai ter filho neurótico.     Observe você:     Você é neurótico?     Psicótico?     Observe seus pais:     Observando seus pais você já observa como você veio , nós trazemos heranças genéticas e filogenéticas que vão passando de geração para geração.     Heranças de cultura, de raça, de civilização, você hoje é um reflexo de seus pais que são um reflexo dos pais deles , que são um reflexo dos pais deles.     Essas emoções, esses impulsos são passados filogeneticamente e esses impulsos trazemos também por herança e tem pessoas muito mais impulsivas que outras.     Essa tensão toda precisa ser descarregada.     A criança já nasce com aquela força, às vezes a tensão já foi gerada porque a mãe já era tensa.     A tensão gera stress, é o mal da humanidade hoje.     Estar estressado significa que você está tenso, não está sabendo direcionar essa tensão.     Hoje já é comprovado que toda essa tensão gera doenças psíquicas e doenças somáticas.    Essa tensão toda que nós temos que veio lá do ID, é uma energia de prazer a qual Freud nominou de libido.     É uma energia que nos tensiona o tempo todo , ela quer se manifestar , ela quer agir, quer ter sensações , ela quer viver , é a energia , essa pulsão que nós temos.     Quando nascemos dependendo da raça, da cultura, da civilização, já existe um quadro neurótico, e a censura também é muito grande (superego).     A criança quer fazer tudo, vem com ID todo solto, então  para evitar conflitos já na maternidade a criança é colocada no seio da mãe ainda sujinha do parto, sem cortar o cordão umbilical .     Se essa energia de prazer não for direcionada ela vai ser utilizada só pelos nossos impulsos agressivos , que nos levam de alguma forma à ação.     Mas se ela não é sublimada nós utilizamos de forma destrutiva e a humanidade durante muito tempo vem utilizando essa energia de forma destrutiva, no contexto geral , o homem cresceu muito , evoluiu muito , a tecnologia está muito avançada , mas ele utiliza a tecnologia também para destruir.     Ele aperta o botão e destrói também, se você não trabalhou a sua destrutividade você vai continuar a tecnologia para destruir, simplesmente é mais uma ferramenta, só que bem mais aprimorada.É mais sutil.     Com o estudo de Freud , de Jung e de todos os grandes pesquisadores do lado psicológico da humanidade, começou a observação de que o ser humano precisa utilizar essa energia , mas ele precisa saber direcionar , para não ficar reprimida e também não ser utilizada de qualquer forma, porque a repressão também causa neurose.     O impulso quer se expressar, o superego fala:     Não! Não pode! Não deve!     A criança quer fazer tudo.     Os pais colocam a censura, então eles são representantes do superego , se esse superego é muito forte , a criança não consegue expressar e traz repressão.     A criança continua com medo de fazer , porque papai falava que não podia , então ele tem medo , receio.     O impulsivo não. Vai lá quebra a cara, destrói , faz isso , faz aquilo , aí traz muita culpa.     O processo de consciência, como a pessoa já tem consciência traz muita culpa.     O obsessivo traz muita culpa pelo próprio processo de obsessão , ele é muito impulsivo , é mais ID , ele quer fazer , quer acontecer , quer colocar para fora mas utiliza de métodos .     Quais são os métodos dos obsessivos?     Métodos ritualísticos:     O obsessivo adora um ritual. Tudo o que ele vai fazer precisa ser colocado como ritual.     Então ele tem hora para acordar , tem hora para tomar banho , tem hora para sair de casa , ele não pode atrasar , se atrasar ele perde o ônibus , se ele perder o ônibus já começa a ficar neurótico para chegar no trabalho.     Tem que bater cartão. Já começa o dia estressado.O maior índice de problemas cardíacos hoje vem dessa tensão, desse stress
     É o que mata mais, é uma carga muito grande e traz muito medo também.     Medo de perder o emprego, medo de ser assaltado na rua, o medo de morrer, o medo até de se expressar às vezes, porque a pessoa não consegue nem se expressar.     Esse medo também vira neurose obsessiva.     E pode levar a fobia quando em graus extremados.     Ou medos determinados (fobias)     Medo de escuro por exemplo, é uma fobia.     Medo de sair à rua. Medos que realmente deixam as pessoas perplexas e elas não conseguem enxergar, visualizar saídas. Fóbico não consegue ver saídas.     Ele sabe que não pode fazer aquilo porque tem medo.     ( Dirigir por exemplo)     Fobias de automóvel , fobias de altura , fobias de lugares fechados (túnel do metrô, debaixo de pontes etc...)alguns se sentem totalmente fechados em seus mundos e começam a fantasiar com relação a isso o que gera stress , muita tensão , logicamente gera neurose que chamamos de neurose fóbica.     Esta libido ao invés de estar sendo direcionada para o prazer está direcionada para gerar mais fantasias na pessoa.     A pessoa fica lá o tempo todo só pensando naquela doença.     Quando ele tem que passar por determinado desafio ele fica com medo, isso é um tipo de neurose obsessiva.     O obsessivo traz muito impulso então é um indivíduo impulsivo.     O que encontramos mais na clinica é o neurótico obsessivo, o que tratamos mais no nível de psicoterapias e até de psicanálise, é a neurose obsessiva.     O obsessivo, fantasia demais.     Será que eu vou?     Será que eu não vou?     E se não der certo?     É esse jogo entre o ID e o Superego.     O ego fica no intermediário e seria a personalidade do indivíduo ou o EU.     Personalidade é uma máscara que o indivíduo utiliza no mundo , coloca essa persona e vivência , não é ainda aquele eu real , é persona , um pouquinho da máscara do pai , um pouquinho da máscara da mãe , mais as fantasias que ele criou durante o processo infantil , é ele hoje.     Você está aqui justamente para descobrir:     Quem sou eu?     Trago informação da minha mãe!     Trago informação do meu pai e das gerações anteriores, repito inconscientemente atitudes deles, inconscientemente e às vezes de forma excessiva.     Pensamentos coletivos, somos envolvidos pelo inconsciente coletivo então:     Quem sou eu?     O auto conhecimento o leva para dentro de si  e à percepção de quem é você.     Aí você vai mais longe:     De onde eu vim?     Será que eu comecei aqui ou na barriga da minha mãe.     A personalidade pode ter começado, mas a minha consciência...     (Será que eu tive outras vidas?)     Investigue para ver. Vá se aprofundando...     Quem sou eu? Somos uma mescla de tudo isso e ao mesmo tempo não somos nada disso.     Existe algo muito mais inconsciente e transcendental que precisamos encontrar.     Aluno: Como surge a ritualística do obsessivo se é espiritual, distúrbio da personalidade...     Prof. É distúrbio da personalidade quando ele está nesse conflito do ID e o Superego, os impulsos dele querem fazer alguma coisa e fantasia demais desde criança , começa lá na infância , naquele desejo que ela tem de afeto pelo pai , pela mãe , e cria aquela fantasia toda.     Dependendo da neurose do pai, se ele for muito castrador dominador, autoritário, a criança começa a recuar e fica com medo de quebrar aquela autoridade paterna, então ela se fecha no mundinho dela e começa a fantasiar e o impulso às vezes é tão forte que ela quebra essa barreira, e quebrando essa barreira ela entra num conflito de fazer ou não fazer, é o obsessivo, conforme ele vai se desenvolvendo, ele fica nisso (a mente fica), eu faço ou não faço?     Se eu fizer papai vai brigar, mas que se dane vou fazer assim mesmo, aí ele faz e fica se culpando.     Então fica nesse conflito interno.    Aluno: _ Então esse conflito é que cria o ritual?    Prof. _ É . Esse conflito vai fazer com que de alguma forma ele tente organizar esse processo interno.     O ego vai sempre tentar uma saída para não ficar vivenciando isso.     Esse conflito Freud diz que gera angustia e nós queremos sair dessa angustia
     Vem angustia você já tenta fugir dela.     Só que precisamos entrar nessa angustia para entendê-la, só que a maioria de nós usa defesas para não entender a angustia.     Então o ego biológico obsessivo como ele, não entende essa angustia, ele vai tentar organizar essa mente.     O ritual acontece porque ele tenta organizar dentro dele e como não consegue ele projeta fora. (coloca tudo aquilo que está dentro da nossa mente para fora).     Por exemplo, se ele se sente inferiorizado, sujo, ele vai tentar limpar de uma maneira ritualística.     Então vira uma obsessão por limpeza, aí ela se sente suja internamente.     Um dia alguém disse:     Você é um vagabundo, só anda sujo!     A criança fica com raiva e pensa:     Vou provar para o meu pai que eu não faço sujeira.     Aí fica naquele conflito de estar sujo ou não, às vezes até se sente sujo internamente, psiquicamente sujo, então no ritual como você não consegue entender direito esse interno, o inconsciente, aí você vai fora, aí você vai lá e tenta limpar fora.     Deixar tudo organizado, e estão formadas as pessoas neuróticas por limpeza.     É uma compulsão que entra numa neurose.     Os compulsivos também entram nessa neurose obsessiva.     Compulsão por comida, compulsão por drogas, compulsão por sexo.     Chamamos de TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo.     Esse transtorno tem a ver com neurose obsessiva.     Freud nos passa três tipos de neurose e a partir delas veremos outras.     Em psicopatologia veremos vários tipos de fobias.     Histeria tem vários tipos também.     Freud classificou em três e foi observando de onde surgia isso.     Ele começou a analisar pacientes e observou que surgiram na infância , no passado da pessoa , o conflito vinha lá do passado da pessoa , do relacionamento com o pai do relacionamento com a mãe, das crises existenciais , das fantasias que essa pessoa cria , principalmente dessa tensão que ele vivência o tempo todo e não consegue liberar , reprime , o trabalho da psicanálise é desreprimir essa tensão , para direcionar essa energia.     O obsessivo normalmente entra nos rituais porque está tentando organizar algo interno, não conseguindo ele tenta fazer fora, então tem neuroses por limpeza, porque está se sentindo sujo.     Tem aquelas pessoas que abrem e fecham portas o tempo todo, para ver se estão trancadas, abrem e fecham o botão do gás, saem de casa e ficam , será que eu tranquei, volta e vê se está trancada , põe a chave , abre , fecha de novo , abre, confirma , fecha.     Entra na casa, será que eu fechei a janela?     Deixe-me ver!     Elas entram nesse processo obsessivo.     Ele põe a chave num lugar e fica : cadê minha chave?     Alguém viu a minha chave?     A chave está lá , está no bolso, está na bolsa,     Onde está? Onde está?     O neurótico obsessivo tem esse tipo de comportamento, ele esquece as coisas normalmente.     É inconsciente.     Como ele está nesse processo de tensão muito forte, ele cria aquilo que chamamos de ansiedade.     A ânsia por fazer algo.     A compulsão quer que você faça rápido.     O ID é instantâneo, a criança não quer esperar nada.     O ser humano como um todo, ele não aguarda as coisas acontecerem naturalmente.     Ele quer as coisas resolvidas para ontem e isso causa tensão, essa tensão gera ansiedade.     Ansiedade por fazer as coisas muito rápidas que é o que a criança quer.     A criança quer afeto rápido, a mamãe tem que estar grudada nela, a hora que ela quer, o tempo todo. Quanto mais ansiosa é a pessoa mais ela está vivenciando essa tensão mais alto é o grau de stress, aí ela não consegue registrar , ela perde a memória , não lembra onde colocou a chave , porque ela não está atenta.     Para você ter mais memória, você precisa estar atento, todo o momento em tudo o que você faz.Se você está lavando louça sua mente tem que estar lá lavando louça, lavando o carro, assistindo a aula sempre atenta ao que está fazendo naquele momento, cada coisa ao seu tempo.     Senão você viaja, a mente vai como um macaco de galho em galho.     Ou está pensando no horário, ou em N coisas, não está prestando atenção , você não está com a sua atenção naquele momento.     Se você não está atento, você fica tenso, você cria ansiedade e ansiedade traz muito essa tensão que é ligada ao futuro.     O ansioso está sempre na expectativa de algo.     Todos esses impulsos vêm lá do ID.     O obsessivo também é muito tenso, cria muita ansiedade quer fazer tudo muito rápido.     Ele não consegue ter a memória do que ele fez naquele momento.     Fica desesperado. Cadê?     Cadê?     E sai todo mundo procurando.     Deixa todo mundo neurótico também.     É o conflito entre o ID e Superego.     Impulsos X Censura.     O ego fica no meio e também não sabe o que ele faz.     Se fez, se não fez porque não estava atento.     Cria-se esse tipo de neurose que chamamos de neurose obsessiva.     A criança que também tinha desejo de afeto pela mãe é frustrada naquele desejo, não sabe lidar muito bem com essa frustração.     Esse desejo pela mãe no primeiro momento no seio onde ela amamentava.     Freud deu o nome de fase oral, a fase de amamentação da criança.     Essa fase de amamentação faz com que a criança crie um vínculo com essa mãe muito forte, e se ela não souber lidar com essa frustração, Freud disse que a criança fica fixada em determinada etapa.     Fixada nessa fase oral ela começa a criar fantasias com essa oralidade.     Esse seio da mãe. Ele nem vê a mãe, mas fica naquela fantasia com relação ao seio, se ela vai ser amamentada ou não.     Por exemplo, se tem um problema psicológico na mãe ou se essa criança começa a fantasiar demais, essa criança pode vir a ter essa compulsão na alimentação porque foi a primeira alimentação que ela teve.     O seio, o leite.     Frustra-se, depois ela acaba querendo mais, porque faltou lá na primeira infância.     De repente se esse ego traz uma tensão muito forte ela gera uma tensão obsessiva por querer mais.     Se o desejo é muito forte ela fantasia e quer mais, e começa a ter compulsão por comida.     Vemos pessoas que querem cada vez mais comida, mais alimentos, quando frustra ela vomita coloca para fora.     Quando a criança não gostou do afeto que a mãe deu ela vomita.      Essa relação afeto, alimento, é uma associação do afeto com o alimento que a criança está recebendo.Se ela foi frustrada nesse alimento ela pode querer até uma abstinência alimentar.     Não quer comer vai tendo uma compulsão de não querer comer, a mãe vai forçando, o superego da mãe vai forçando e a criança fica mais frustrada, gera mais conflito e precisam ser tratadas, crianças que tem problemas alimentares, que já vem lá da base familiar.     Quando aceitamos crianças para análise é importante observar os pais, principalmente a mãe porque a mãe fica mais tempo com a criança, o pai também é muito importante, porque se a mãe tiver problemas com o pai também gera conflitos na criança, inclusive problemas de obsessão, compulsões.     A criança precisa realmente ser observadas e os pais deverão ser chamados para uma conversa pois a criança reflete muito a neurose dos pais.     Ás vezes os pais estão com problemas psicológicos, a mãe não está bem emocionalmente, o pai está com problemas no trabalho e descarrega tudo em casa .A criança percebe e absorve tudo isso e começa a vivenciar e fantasiar.     Na fantasia da criança ela quer os pais sempre unidos, formando aquela trindade perfeita, eu, papai, mamãe.     A Santíssima Trindade.     Pai, Filho e Espirito Santo, que vemos em todas as religiões,  formado dentro de casa.     Se você não conseguiu formar isso dentro de você, você tenta buscar isso fora.     Tentamos buscar através de religiões, procurando essa trindade que está dentro de nós.     E toda criança quer ser filho único, nasce o irmão ela começa a entrar na neurose, na tensão, eu tinha o afeto todo, agora vou ter que dividir, não quero dividir.     E tem vários complexos criados a partir daí.     É importante o bom relacionamento entre o pai e a mãe, do casal, a criança já vai trazer na sua personalidade muitos conflitos e tensões.     Quanto mais tensão mais neurose, nossa energia não está sendo bem distribuída e gera neuroses.     Então o obsessivo é muito metódico, utiliza de métodos, é sistemático.     Aquele ritual, aquela pessoa que está sempre persistindo em determinadas coisas que não levam a nada.     Fica repetindo aquele padrão, esse ritual repetitivo.     Como ele tem compulsão, ele tem compulsão a repetição também.     Ele já sabe que não deve fazer aquilo e continua fazendo.     Ele já sabe que aquilo não leva a nada e continua na rotina dele.     Não adianta só a consciência daquilo, porque ele repete, o prazer dele está aí nessa obsessão de fazer a coisa repetida, porque está tentando provar lá atrás que ele consegue de alguma forma, para o pai, para a mãe.     Quando ele perceber que não precisa provar mais nada, que ele pode ser ele mesmo, que ele pode vivenciar a vida dele de uma forma menos ansiosa, de uma forma equilibrada e no aqui agora, ele vai se tratando e vai ficando melhor.     Mas o ansioso fica muito na expectativa, muito no futuro.     O que vai acontecer?     Será que vai dar certo?     Será que não vai?     A ansiedade se vê em todas essas neuroses , na histeria e na fobia também , mas o obsessivo tem a repetição , ele repete constantemente esse tipo de padrão.     Então um padrão neurótico obsessivo (repetitivo) leva a doenças psíquicas, psicológicas, a pessoa as vezes se torna muito impulsiva , aquela pessoa que destrói relacionamentos a que chamam popularmente de pavio curto, normalmente sai dando porrada , não respeita ninguém , não mede as consequências dos seus atos.     Esse é um obsessivo neurótico, porque neurose é um tipo de conflito interior que nós manifestamos de uma forma muito intensa.     Essa expressão nossa é muito intensa.     As vezes a pessoa age de uma forma cautelosa , vamos planejar , vamos conversar.     O Obsessivo Não.     Ah, Conversar...     Já diz:     Eu falei, acabou...     Não quer nem ouvir. Nem  ouve o outro.     O neurótico precisa ser tratado, mas primeiro precisa perceber.     Se ele apresentar só a repetição já é o começo ou vai desencadear  todo o processo?     _ Vai depender muito do ego, ele começa a fantasiar desde a infância e depois começa a manifestar fantasias a nível físico.     Se ele não conseguir lidar bem com as frustrações do passado, administrá-las bem, ele permanece nessa atitude nessa compulsão, e vai aumentando, porque ele tem um desejo muito forte e ele quer a satisfação imediata.     Porque é o ID.     Nós temos satisfação imediata.     Alguma coisa você vai ter que aguardar, você vai ter o momento de ter aquilo.     Se você aguardar, você pode obter.     Mas a criança aguarda?     Não! Ela não aguenta! Ela quer o tempo todo.     Como nós ficamos fixados naquela etapa, você age psiquicamente como se fosse uma criança emocionalmente, é uma criança e fica lá querendo ... o tempo todo...

     Só que ás vezes é um tipo de compulsão que é doentia.

     Quando você persevera não é uma neurose é uma obsessão, mas não é neurose é um caráter obsessivo, é diferente de uma neurose obsessiva.     A neurose obsessiva não te leva a nada, você fica cada vez pior, agora a pessoa perseverante tem o caráter obsessivo e o método, então segue adiante.     O cientista precisa ser metódico, analítico, precisa ter determinados rituais que sejam perseverantes para ir conquistar aquele objetivo senão jamais ele vai conseguir.     O caráter obsessivo vai te levar a uma ação para realizar algo.     O neurótico obsessivo fica rodando em circulo e não chega a nada; a diferença é essa.     O caráter obsessivo não!
     Por exemplo, Freud, tinha caráter obsessivo apesar de todas as neuroses dele senão ele não faria essa obra fantástica que ele fez para a humanidade.     Ele começaria a escrever um livro e deixaria de lado, não quero mais escrever nada, não quero mais saber.     Foi perseverante, vou escrever, vou me dedicar ao meu paciente , vou a fundo e vou me analisar se não acaba não fazendo. Ainda mais mexer com as emoções que é muito delicado, a pessoa precisa ser perseverante.     Perseverança tem a ver com caráter.     Um caráter perseverante é bom.
     Uma neurose obsessiva é terrível , a pessoa fica girando em círculo.

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